O programa federal Pé-de-Meia Licenciaturas, criado para incentivar a formação de professores no Brasil, conseguiu preencher apenas 6.532 das 12 mil bolsas ofertadas neste ano, o equivalente a cerca de 54% da meta estipulada pelo Ministério da Educação (MEC). A baixa adesão acendeu um alerta sobre os critérios considerados restritivos para ingresso no benefício, voltado a estudantes de cursos presenciais de licenciatura.
Lançado em 2025 dentro do programa Mais Professores para o Brasil, o Pé-de-Meia oferece um auxílio mensal de R$ 1.050 aos selecionados. O valor é dividido em duas partes: R$ 700 disponíveis para saque durante o curso e R$ 350 depositados em uma poupança, que poderá ser resgatada após o recém-formado ingressar na rede pública de ensino, dentro de um prazo de até cinco anos após a conclusão da graduação.
Para participar do programa, o estudante precisa ter alcançado nota igual ou superior a 650 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e estar matriculado em um curso presencial de licenciatura, por meio do Sisu, Prouni ou Fies. Essas exigências têm sido alvo de críticas por restringirem o acesso ao auxílio.
Especialistas alertam que a alta exigência na nota do Enem e a exclusão de cursos na modalidade a distância (EaD) — justamente a mais procurada por quem deseja seguir a carreira docente — acabam excluindo um grande número de potenciais candidatos. Segundo dados do Censo da Educação Superior, cerca de 77% dos estudantes de licenciatura estão matriculados em cursos EaD, o que revela a limitação do programa.
Diante da baixa adesão, o MEC anunciou a abertura de uma segunda chamada para preencher as vagas remanescentes. No entanto, mesmo com a nova etapa, o número de estudantes que se enquadram nos critérios ainda é inferior ao total de bolsas disponíveis. Estimativas indicam que apenas 9 mil alunos atendem aos requisitos exigidos.
A proposta do Pé-de-Meia é valorizar a formação docente e fortalecer a presença de profissionais qualificados na educação básica, especialmente na rede pública. No entanto, a dificuldade em preencher as vagas demonstra a necessidade de ajustes no programa, sobretudo na flexibilização dos critérios de elegibilidade, para ampliar o alcance da política pública.
Postar um comentário